sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Limite Branco


“Não há uma verdade única. Há uma verdade por dia, ou pior ainda, mais complicado: uma verdade por hora, a vezes até mil verdades num minuto. Quando a gente hesita em fazer e não fazer determinada coisa, esse debate no meio de conceitos encravados no cérebro, no meio de idéias próprias e alheias, recusa-se aceitações — labirintos de verdades que não mostram as faces mesmo depois do ato feito. Não sei se será possível a gente escolher as próprias verdades, elas mudam tanto. Não só por isso, nossas verdades quase nunca são iguais às dos outros, e é isso que gera o que chamamos de solidão, desencontro, incomunicabilidade. Talvez a maneira como me debato seja natural, e até positiva. É possível que eu parta daí para um conhecimento maior de mim mesmo. Então estarei livre. Acho que meu mal sou eu mesmo, esses círculos concêntricos envolvendo o centro do que devo ser. Mas só poderei me aproximar dos outros depois que começar a desvendar a mim mesmo. Antes de estender os braços, preciso saber o que há dentro desses braços, porque não quero dar somente o vazio. Também não quero me buscar nos outros, me amoldar ao que eles pensam, e no fim não saber distinguir o pensar deles do meu.”



Caio Fernando Abreu



Me peguei rodopiando no quarto e pensei: gente, isso é coisa de quem está feliz ...então talvez eu deva estar feliz agora. Foi então que descobri um segredo: Felicidade também nasce assim do nada.

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