segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pensamento Profundo nº 1



           “Aparentemente, de vez em quando os adultos têm tempo de sentar e contemplar o desastre que é a vida deles. Então se lamentam sem compreender e, como moscas que sempre batem na mesma vidraça, se agitam, sofrem, definham, se deprimem e se interrogam sobre a engrenagem que os levou ali aonde não queriam ir. Os mais inteligentes até transformam isso numa religião: ah, a desprezível vacuidade da existência burguesa! Há cínicos desse gênero que jantam à mesa do papai: “Que fim levaram nossos sonhos da juventude?”, perguntam com ar desiludido e satisfeito. “Desfizeram-se, e a vida é uma bandida.” Detesto essa falsa lucidez da maturidade. O fato é que são como os outros, são crianças que não entendem o que lhes aconteceu e bancam os durões quando na verdade têm vontade de chorar.”

Muriel Barbery em A Elegância do Ouriço

2 comentários:

JasonJr. disse...

...realmente profundo...

Winny Trindade disse...

Me vi.

Abraço meu, amiguinha.