sexta-feira, 11 de maio de 2012

A sua falta vai me incomodar ♫




            Não caberá a nós o soneto de separação. Assim como nunca nos coube o soneto do amor total. Vai ser assim: eu aqui e você aí. Tão distantes quanto o tamanho da distância. Aquela que sempre existiu, mas que fizemos questão de ignorar. Nossos planos irão se empoeirar em uma gaveta qualquer. E o que restará deles serão folhas amareladas com o tempo e manchadas de lagrimas. Não perderei meu tempo tentando te esquecer, vou pensar em você todos os dias sim. Tentarei colocar você no espaço das lembranças boas, talvez assim doa menos. Lembrarei de você toda vez que for assistir a um filme ou jogar videogame, toda vez que eu tomar café ou sorvete de pistache, toda vez que eu caminhar e sempre antes de dormir. Creio que não caiba dizer aqui dos meus sinceros sentimentos por você e nem dos meus votos de felicidade. Isso você já sabe. E o que você não sabe já nem é importante dizer. Agora tenho que ir. Vou pintar aquele quadro que eu estava adiando. E você, trate de arrumar tempo para a sua música. 

Um comentário:

ninguém disse...

como uma bomba de gás lacrimogênio que invariavelmente nos invade, como o oxigênio que, ao mesmo tempo, mantém vida e oxida, como o olhar perdido no horizonte que aparenta profundidade e reflexão mas na maioria das vezes canta uma canção de fuga. testar a memória refaz e desfaz sentimentos, são tantas sensações que a narrativa tende a desviar da lógica que se exalta enquanto norma, e a norma nunca cabe. o vivido sempre sobressai, o cheiro sempre retorna como o giro da chave do quarto escuro do inconsciente. Quem viu teu sorriso deseja vida, mesmo que não esteja mais lá. a dor de limpar o quarto do filho que morreu.
a busca por um espaço invisível, a busca por palavras jamais lidas porém acalentadoras, reviver o amor que se vive todo milésimo de segundo. quem olhou bem dentro dos teus olhos não deseja outra morada. a vida segue como um barco sem destino, pelas águas da vontade do mar, do rio, seja ele como for classificado, segurando o ar pra dar um passo, deixando os olhos livres apenas na chuva, sonhando tesourinhas, sequidão, salas de aula cheia de pessoas diferentes, caminhadas pelos parques, praças e monte, igrejinha, horizonte sobre a terra vermelha, o coração perdido por falta de esquinas, a pequenez do cidadão médio dentro da capital do país, autarquias, prédios imponentes, pessoas com pressa, a indecisão da nuvem carregada, a vontade de pintar muros, deixar pra você uma palavra por dia, pq todas as palavras desejam repousar em ti, assim como eu e meu corpo que perece.