O amor assusta porque ao nascer já anuncia:
posso acabar. Pior: o amor do outro pode acabar. Ou nada disso: pode a vida e o
dia e as horas serem mais fortes que qualquer impulso, e o que era um-mais-um
torna-se um a um. E o que resta é cada um levando como pode o que pulsa em si.
O amor é ter a perder.
Ou não ter nada. É tudo e todo o medo e todos os perigos. Ou
nada e paz. Ou nada.
O amor que nasce é assustadoramente amor. O amor que segue
sozinho é assustadoramente só. Não há meio-termo porque o que o amor quer é
coragem, o amor quer entrega, o amor sempre quer. Nem sempre é harmonia, nem
sempre delicadeza. Mas sempre amor. Até não mais. E isso demora.
É maior que nós, o amor. Faz sombra e assusta. Até que se veja
dele o seu verdadeiro tamanho. A sombra do amor assusta. Até que se entenda que
ela é sombra e só.
O amor nos pede a escolha: ser do tamanho do medo ou da coragem.
Um comentário:
Do amor eu sempre terei medo, cicatrizes e esperanças.
Abraço meu.
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