quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Eu tenho. Tenho um milhão de medos presos aqui nessa linha. Se você desligar, sua vida vai seguir. A minha vai ficar contida nesse aparelho eletrônico. Eu já sou contida de tantas maneiras... Na verdade eu só queria te dizer que por mais que o tempo passe, não consigo preencher meus buracos. Eu olho em volta e não procuro nada. Só porque eu sei que não há nada. Só porque eu sei que o nada que eu quero tá longe de mim. É tudo um enorme, frio e presente nada. Um vazio do tamanho da minha quase existência. Eu quase existo, sabia? Afinal, quem existe por inteiro? Eu não. Eu sou metade amada (porque ninguém me assume por inteiro); metade interessante (porque assusto quem eu quero aproximar e frustro os que ignoram minha muralha); metade culpada (porque ninguém tem obrigação de me amar de verdade quando eu crio bloqueios tristes e vazios). Se você quiser desligar, tudo bem. Eu só tava fazendo drama. Claro que eu vou sobreviver, né? Nunca precisei de uma ligação pra me manter inteira. Mas me diz, e você, tá bem?

                                                                                                                              Verônica H.

2 comentários:

ninguém disse...

eu tenho uma jibóia

ninguém disse...

se você não ligar, se você não puder responder, se você não puder atender, se a casa que você vivia não fizer parte do meu dia.
se você quebrar um copo, se da louça cair uma colher grande, se, ainda assim, eu não escutar sua voz no corredor.
se o ângulo não te cabe, se a curva não te vê. se o olho não acompanha a infinitude de caminhos que você pode seguir.
quão mais te senti saudade.
se você ouvir na rua, se quando aguar as plantas, se quando você construir seu conforto e descanso, se nem assim eu estiver lá.
se o céu estiver estrelado mas a palavra calar, se o desenlaço causar medo e estranhamento, se a cola descolar, verei meu rosto quedado, sem palavras pra expressar.
nas curvas que a vida descola, nos laços que se desfazem, na colheita do vegetal mais vivo, das dores que nos compõem, das vezes que precisei deixar você ir.
ao dia, à vida, ao que existe, e, por assim ser, é fato.
é o acontecer diante de nós. dos nossos olhos que a terra comerá.
me desculpe. Eu te amo, Jéssica. como não sabia poder, nem existir, nem sorrir, chorar, sobre o mote: do que vale a vida se o amor não existirá.
vive a vida
seja, mesmo que vida
do isto que persistirá
do que vale a vida se o amor não existirá?
vem cá, meu amor
meus braços só te querem
vida
do que vale a vida se o amor não existirá?
mesmo que os desejos esquivem
dos que sobraram, às paredes acolherá
seu nome escapa a boca pois pois é mesmo que ar
do nada, nada existirá
me diz você, meu amor
do que vale a vida se o amor não existirá?
sequela me faz seguir praça a dentro
o que está lá está
porque a mim mesmo nada caberá
guardo o que me toca no infinito do peito
pois do que vale a vida se o amor não existirá?
a existência grita no meu peito
quem é você que balança a minha rede?
não vale nada você, e isso há de lhe bastar
faça qualquer coisa
seja de si o seu intento
de nada vale a vida se o amor não existirá!
pontuações, etecetera, uma pista pra posar
umas linhas pra posar
uma rede social pra compartilhar
tanto faz
do que vale a vida se o amor não existirá?